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Pautada pela alegria, obra de Antonio Barros é a trilha sonora de uma nação nordestina vocacionada para a festa

Ao morrer aos 95 anos em João Pessoa (PB), o compositor deixa sucessos nacionais como ‘Homem com H’, ‘Oia eu aqui de novo’ e ‘Procurando tu’. O com...

Pautada pela alegria, obra de Antonio Barros é a trilha sonora de uma nação nordestina vocacionada para a festa
Pautada pela alegria, obra de Antonio Barros é a trilha sonora de uma nação nordestina vocacionada para a festa (Foto: Reprodução)

Ao morrer aos 95 anos em João Pessoa (PB), o compositor deixa sucessos nacionais como ‘Homem com H’, ‘Oia eu aqui de novo’ e ‘Procurando tu’. O compositor Antonio Barros (1930 – 2025) deixa vasta obra em parceria com a esposa Cecéu Reprodução / Capa do álbum ‘O maior forró do mundo’, de 1978 ♫ OBITUÁRIO ♪ De início, Ney Matogrosso resistiu quando o produtor musical Marco Mazzola sugeriu ao cantor que gravasse a música Homem com H no álbum que Ney lançaria em 1981. Mas acabou convencido e Homem com H se tornou o maior sucesso da carreira solo do cantor, iniciada em 1975, um ano após a dissolução do trio Secos & Molhados. Parte do Brasil conheceu Homem com H na voz metálica de Ney, mas, no Nordeste, quase todo mundo sabia que o sucesso forrozeiro já tinha sido lançado pelo trio paraibano Os 3 do Nordeste em gravação apresentada no álbum É proibido cochilar (1974). Assim como É proibido cochilar, hit certeiro dos forrós há mais de 50 anos, Homem com H é um dos maiores sucessos do cancioneiro autoral de Antonio Barros Silva (11 de março de 1930 – 6 de abril de 2025), grande compositor paraibano que morreu hoje, aos 95 anos, em hospital de João Pessoa (PB), em decorrência de complicações da doença de Parkinson. Ao sair de cena, Antonio Barros deixa a trilha sonora de uma nação nordestina. Nascido em Queimadas (PB), cidade do interior da Paraíba, o compositor criou obra associada ao universo do forró, rótulo genérico que abarca diversos gêneros musicais nordestinos como xote, xaxado e baião. Algumas músicas do compositor alcançaram projeção nacional, como Procurando tu, parceria de Barros com J. Luna lançada em 1969 pelo Trio Nordestino e também propagada em 1970 por Jackson do Pandeiro (1919 – 1982), intérprete original do Forró de Surubim (1959). Outro hit nacional foi Bate coração (1980), música de Barros creditada oficialmente à mulher do compositor, Mary Maciel Ribeiro, conhecida artisticamente como Cecéu, com quem Barros formou a dupla Tony e Mary e na sequência uma parceria de sucesso. Bate coração foi lançada em 1980 pela cantora Marinês (1935 – 2007) e estourou em todo o Brasil na gravação feita por Elba Ramalho em 1981. Bate coração, aliás, foi a música que alavancou a carreira de Elba. Outros sucessos nacionais da dupla Barros-Cecéu foram Por debaixo dos panos – música gravada por Ney Matogrosso em 1982 para tentar bisar o sucesso de Homem com H – e Forró do Xenhenhém, lançado por Alcione em 1985. Impossível também esquecer Oia eu aqui de novo (1967), música que batizou álbum de Luiz Gonzaga (1912 – 1989) e foi revitalizada por Gilberto Gil em gravação feita para a trilha sonora do filme Eu, tu, eles (2000). Contudo, a maioria da obra de Antônio Barros teve (grande) repercussão restrita ao mercado nordestino, forte o suficiente para sobreviver sem depender dos gostos de outras regiões do Brasil. Também cantor, Antonio Barros gravou álbuns solo como O maior forró do mundo (1978) e Antonio Barros canta seus sucessos (1981), além de ter feito vários discos em dupla com Cecéu, parceira em obra reconhecida em 2021 como Patrimônio Imaterial da Paraíba. A rigor, o compositor se impôs sobre o cantor ao longo da trajetória artística de Antonio Barros, impulsionada a partir da mudança do artista de Campina Grande (PB) para o Recife (PE). A obra de Antonio Barros e Cecéu está eternizada em gravações de nomes como Trio Nordestino, Luiz Gonzaga, Elba Ramalho, Marinês – intérprete de Sou o estopim em 1976, ano em que a música também foi gravada pela atriz Sônia Braga para a trilha sonora da novela Saramandaia (TV Globo) – e Os 3 do Nordeste. Normalmente pautada pela alegria, essa obra composta por mais 700 músicas é a trilha de uma nação vocacionada para a festa.

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